A COBRA DO RIO MORCEGO
(história contada pelo aluno Edinaldo Lima)
Diz o povo de Primavera que nas noites de luar, uma cobra de tamanho imensurável costuma aparecer às margens do rio Morcego, faminta e sempre em busca de uma nova vítima. São muitas as histórias contadas pelo povo desta pacata cidade do interior do Pará a respeito deste inacreditável e abominável animal.
Certa noite, um senhor de grande coragem se preparou durante duas semanas para enfrentar o horroroso animal. Matou três dos seus melhores garrotes e os levou como isca para pegar a temível serpente. O cheiro do sangue e o barulho na água foram suficientes para atrair a maldita. De repente, eis que lá se vem. Era uma cobra enorme, de aproximadamente 75 metros de comprimento e uns três de espessura. Da cabeça brotava um par de chifres, mas na verdade não eram chifres eram os dentes que de tão grandes atravessavam o maxilar e despontavam na cabeça do horrendo animal.
Os olhos da cobra eram como brasas faiscantes e suas escamas pareciam escudo de ferro. O rugido da megera escutava-se a uma uns seis quilômetros de mata adentro. Quando ela se punha na vertical, a água do rio parecia que sumia. Mas mesmo com tudo isso o senhor não se intimidou e mandou chumbo na serpente. As balas pareciam bolinhas de gude no corpo do imenso réptil que batiam e voltavam. Aquele senhor vendo que não lhe restava alternativa, pulou em cima da serpente e lhe desferiu muitas punhaladas atingindo seus olhos e uma delas atingiu o meio da testa que liquidou o animal. Movido pela sua coragem, o homem abriu o animal e para sua surpresa encontrou ali muitos objetos valiosos que a maldita havia engolido: carros, ouro, prata e toda espécie de objetos.
Este foi o preço de sua vitória. Foi premiado com tudo de valioso que encontrou no interior da fera. A carcaça foi vendida para uma fábrica de bolsas e calçados em Belém e hoje ele vive numa confortável casa pras bandas da Ilha do Marajó.